Especialização Inteligente e as Mudanças nas Políticas Territoriais de Inovação em Portugal
Publicado em Ago, 09, 2016

. PUBLIC POLICY PORTUGUESE JOURNAL

 

Chamada de Artigos / Call for Papers

 

 

 

Chamada de Artigos

 

Especialização Inteligente e as Mudanças nas Políticas Territoriais de Inovação em Portugal

 

Os estudos regionais e o planeamento têm conferido nas últimas três décadas atenção crescente à inovação enquanto catalisador do desenvolvimento regional. Modelos territoriais de inovação, como os’ meios inovadores’, os ‘clusters’, ou os ‘sistemas regionais de inovação’, sublinham o carácter localizado da inovação, como a proximidade geográfica é um elemento essencial para a estruturação de confiança, capital social, de relações e redes de cooperação entre diferentes tipos de actores, em particular na conexão entre entidades de I&D e o meio empresarial. Esta atenção crescente na inovação facilitou a transferência e a absorção destes modelos territoriais para a prática do planeamento territorial. Em Portugal esta influência tem sido notória nas políticas públicas, com vários programas a utilizarem explicitamente a noção de ‘cluster’, como foram exemplos várias medidas do programa operacional COMPETE, ou a noção de ‘sistema regional de inovação’, em vários programas operacionais regionais.

Actualmente o paradigma da inovação regional tem sido exacerbado com a generalização das políticas públicas ancoradas numa nova geração de estratégias territoriais de inovação designada de RIS3 – Research and Innovation Smart Specialisation Strategies. As RIS3 foram desenvolvidas por toda a União Europeia como pressuposto de partida para o acesso aos fundos estruturais e de investimento no período 2014-2020. As RIS3 propõem uma política industrial mais coerente entre diferentes regiões europeias de modo a que cada território possa especializar-se em domínios avançados para o qual está mais preparado. Deste modo, a abordagem da especialização inteligente é caracterizada pela identificação de áreas estratégicas de intervenção com base nas potencialidades existentes ou latentes na economia regional e num processo de ‘descoberta empreendedora’ pelos diferentes stakeholders.

No entanto, quer na implementação quer no debate científico, as RIS3 não têm ficado isentas de críticas. Vários autores sublinham o que as RIS3 não têm feito mais do que “reciclar políticas velhas” associadas aos modelos territoriais de inovação sem aproveitar verdadeiramente o potencial de novas ideias como a ‘descoberta empreendedora’. Adicionalmente tem sido sugerido que as RIS3 possuem um efeito desestabilizador nas regiões em termos de coesão e competitividade porque o enfoque tem sido excessivamente concentrado numa perspectiva tecnologista e utilitarista da C&T, não compreendendo dimensões tácitas do conhecimento, a variedade de formas de aprendizagem, nem tão pouco o papel integrador das ciências sociais e humanas, largamente menosprezadas na implementação prática das RIS3. Em muitas regiões o desenvolvimento das RIS3 serviu para cumprir um requisito ex ante da União Europeia. A sua implementação tem sido insipida repetindo no essencial o que era a prática anterior de planeamento territorial. 

Está a ser preparado um número temático do Public Policy Portuguese Journal, a publicar em 2017, sobre “Especialização Inteligente e as Mudanças nas Políticas Territoriais de Inovação em Portugal”.

O objectivo deste número é fazer um balanço da experiência das políticas públicas na utilização de conceitos relacionados com os modelos territoriais de inovação, em particular em Portugal. Atenção especial será dada à especialização inteligente, avaliando estado actual da arte, tanto em termos de desenvolvimentos conceptuais e como na implementação prática.

Entre outros sugerem-se os seguintes temas:

Discussão conceptual de especialização inteligente

Modelos empíricos de definição das prioridades de especialização inteligente

Modelos de trabalho para o processo de ‘descoberta empreendedora’

Implementação de RIS3 em Portugal e noutras regiões europeias

Metodologias de monitorização da RIS3

Análise comparativa desempenhos inovadores das regiões

Análise de políticas territoriais de inovação

Discussão de modelos territoriais de inovação

Estudos sobre redes e sistemas de inovação ao nível regional

 

A chamada de artigos é aberta a membros da academia, autoridades territoriais, instituições europeias, como uma oportunidade para discutir estes temas, definindo o âmbito da investigação futura nos modelos territoriais de inovação e modelos alternativos de implementação, de monitorização e avaliação das RIS3.

Os autores interessados deverão enviar um e-mail mostrando o seu interesse em participar neste número especial, acompanhado do título, resumo (até 200 palavras), palavras-chave, do artigo, para Paulo Neto (neto@uevora.pt), Hugo Pinto (hpinto@ces.uc.pt) e Maria Manuel Serrano (mariaserrano@uevora.pt), que irão organizar este número. A data limite par ao envio dos resumos é 31 de Outubro de 2016.

Os artigos serão sujeitos a um processo de peer review. As normas e informação adicional da revista estão disponíveis em:

http://www.umpp.uevora.pt/publicacoes/Public-Policy-Portuguese-Journal

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