“Devido ao facto da recente consolidação da economia portuguesa ter protelado as necessárias reformas e o investimento público, o choque após a presente situação deverá ser muito relevante”, diz Rui Leão Martinho, em declarações ao Jornal Económico.
O economista salienta a necessidade de os decisores estarem “atentos e não deixar de antecipar o que for possível em termos de medidas a adoptar e apoios a conceder”, destacando as linhas de crédito com garantia pública, medidas fiscais já anunciadas. Alerta, no entanto, para a necessidade de “providenciar rapidez nos detalhes, para que esses apoios possam começar a surtir efeito. O montante poderá ser relativamente baixo, face às necessidades que irão aparecer, mas é um início e claro que com toda a probabilidade terá de ser no futuro, aumentado”.
“Em Portugal, já se percebe haver a consciência desta situação, quer por parte dos decisores políticos, quer da generalidade da população. O impacto vai ser relevante em todos os sectores, em todas as regiões, quer a nível das empresas, quer ao nível das famílias. Somente com as medidas correctas da parte do Governo, da União Europeia e do BCE se poderão ajudar capazmente os milhares de micro, pequenas e médias empresas para que, no final, elas ultrapassem na sua esmagadora maioria esta fase e continuem a laborar, a crescer e a dar trabalho a milhares de trabalhadores”, assinala.
Rui Leão Martinho espera “que grande parte do impacto económico possa ser capazmente detido, porque bem apoiado e com as medidas adequadas da parte do governo e das entidades europeias, as quais terão de ser tomadas e implementadas no devido momento de serem consideradas necessárias”.
“Neste momento, e diariamente tudo muda, para além dos graves e numerosos impactos ao nível da saúde, já assistimos à maior quebra bolsista de sempre do PSI-20 neste século, a uma guerra petrolífera entre países produtores como a Rússia e a Arábia Saudita, ao encerramento de fronteiras, já se reviu o crescimento mundial para 2,4% e a Comissão Europeia estimou a recessão ao nível de 1%do PIB”, frisa."